A menstruação é um fenômeno natural do corpo feminino com o qual lidamos mensalmente. De forma bem resumida, o fluxo menstrual corresponde à descamação das paredes internas no útero quando não há fecundação. Portanto, menstruar faz parte do ciclo reprodutivo da mulher. 🩸
Porém, nem sempre a menstruação foi encarada desse jeito. Nos tempos pré-históricos, havia o estigma de que o sangue poderia atrair animais e, por esse motivo, as mulheres eram isoladas durante o período menstrual.
Posteriormente, na Era Medieval (476 – 1453) a menstruação era considerada ruim e venenosa, representando a liberação de excrementos ruins que poderiam transmitir doenças. Assim, recomendava-se não ter relações sexuais enquanto as mulheres estavam menstruadas, caso contrário o sangue poderia queimar a pele do pênis.
Mesmo anos depois, no século XIX (1800 -1900), a menstruação ainda era considerada uma enfermidade. Os médicos da época acreditavam que durante esse período, as mulheres ficavam fracas e mais suscetíveis a doenças. Então, aconselhavam que elas evitassem qualquer atividade física ou esforço mental, sendo privadas de dançar, ler e viajar.
Graças aos estudos e pesquisas desenvolvidas ao longo do tempo, essas crenças populares praticamente acabaram. Mas, você já parou para pensar como as mulheres faziam para conter o fluxo durante a menstruação? É exatamente sobre isso que irei falar! Durante a leitura, você irá conhecer a história do absorvente e todas as mudanças que ele sofreu até chegar ao que conhecemos atualmente.
A evolução do absorvente
Assim como a menstruação, a história do absorvente é repleta de tabus e interferências culturais – temos poucas datas oficiais e muitos saltos históricos. Por esse motivo, trouxe apenas as informações que são consenso entre a maioria dos estudos sobre o assunto. 😉
2.000 A.C – primeiros relatos do uso de absorventes
Os primeiros registros de absorventes são egípcios e datam por volta de 2000 a.C. Eram proteções intravaginais, que tinham como objetivo desempenhar a função do absorvente interno que conhecemos atualmente.
Porém, naquela época não existia o conhecimento e tecnologia dos dias atuais. No Egito, essas proteções internas eram feitas de papiros processados que posteriormente eram inseridos no canal vaginal. Em outras sociedades, temos relatos de soluções diferentes.
Em Roma, por exemplo, os tampões eram feitos de lã macia. Na Índia utilizava-se fibras vegetais; no Japão, pedaços de papel eram enrolados, formando um canudinho. Esse último modelo é o mais parecido com a versão atual dos absorventes internos.
Aqui, aproveito para dizer que existe um grande mito de que na Grécia antiga pedaços de pano envolviam gravetos de madeira que desempenhavam a função de absorventes. Segundo a historiadora Helen King, não existem evidências que comprovem essa suposição e que, provavelmente, essa história foi criada por um site que vende tampões. 🙊
Idade Média – época das toalhinhas reutilizáveis
Durante a Idade Média, as mulheres usavam toalhas e almofadas sobre as roupas íntimas. Esses panos eram feitos com os restos de tecidos e, em alguns casos, envoltos por musgos e gramíneas para aumentar a absorção.
No entanto, a lavagem dos absorventes era feita com água que já tinha sido utilizada em outras funções. Essa falta de higiene causava alergias, irritação, ardência e corrimento nas mulheres.
De 1800 a 1900 – a virada do século
Nessa época, começaram as preocupações com o desenvolvimento bacteriano devido à higienização inadequada, surgindo assim o mercado de “higiene” menstrual. Os primeiros absorventes desenhados para consumo foram produzidos em 1854, nos Estados Unidos.
A invenção americana era feita de um tecido mais absorvente e lavável, pensado para substituir as tradicionais toalhinhas. O modelo vinha com uma cinta que deveria ser acoplada à cintura, garantindo a fixação do produto no corpo.
Durante esse mesmo período na Alemanha, eram confeccionados os primeiros absorventes descartáveis, parecido com as bandagens colocadas sobre a calcinha. Eles eram vendidos em caixas com seis unidades.
Século XX – a influência das guerras
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), as enfermeiras utilizavam compressas de gaze com celulose no curativo dos soldados feridos. Então, perceberam que essa solução era bem mais eficaz na absorção do sangue do que as bandagens de pano.
Essa descoberta permitiu o desenvolvimento do primeiro absorvente higiênico de celulose Kotex, feito a partir de bandagens de guerra, comercializado pela primeira vez em 1918. Em 1933, surgiram os primeiros absorventes internos com aplicador, o Tampax, nos Estados Unidos e o O.B. na Alemanha.
Existem registros da invenção de coletores menstruais em 1937, nos EUA. Porém, a fabricação foi interrompida devido ao desconforto que causavam e por fazer com que as mulheres tivessem contato com seu próprio corpo e sangue, o que não foi bem aceito pela sociedade na época.
A guerra causou uma grande mudança na vida das mulheres: elas se tornaram importantes no funcionamento das fábricas. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), havia muita publicidade incentivando as mulheres a usarem produtos menstruais e a continuarem trabalhando mesmo durante a menstruação.
Por mais que as campanhas tivessem interesse econômico, a comercialização em massa dos produtos menstruais proporcionou mais autonomia para as mulheres, permitindo que elas exercessem atividades fora de casa.
Século XXI – dia atuais
Aos poucos conseguimos quebrar os tabus relacionados à menstruação. Atualmente, temos a consciência de que o fluxo menstrual é um processo natural – e incrível – do nosso corpo e podemos falar abertamente sobre o assunto.
Essa nova percepção também despertou a reflexão sobre o impacto dos absorventes descartáveis no meio ambiente. Estima-se que cada mulher use em média de 10 a 15 mil absorventes descartáveis da puberdade até a menopausa, uma quantidade assustadora de lixo para o planeta. Além de agredirem o meio ambiente, eles também podem irritar a pele sensível da vulva.
Como alternativa, tivemos o aperfeiçoamento do coletor menstrual e o desenvolvimento de calcinhas absorventes. Ambas as opções são menos agressivas ao meio ambiente e permitem um contato maior com o nosso sangue e corpo, atitudes fundamentais para o nosso autoconhecimento.💗
E você, já conhecia a história do absorvente? Quais desses métodos você utiliza ou gostaria de utilizar? Compartilhe comigo nos comentários!💖